segunda-feira, 27 de junho de 2011

Encontrei Seu Cão Hoje...
Encontrei seu cão Hoje. Não, ele não foi adotado por ninguém.
Aqui por perto a maioria das pessoas já tem vários cães e quem não tem nenhum
não quer um cão. Eu sei que você esperava que ele encontrasse um bom lar quando
o deixou aqui, mas ele não encontrou. Quando o vi pela primeira vez ele estava
bem longe da casa mais próxima, sozinho, com sede, magro e mancando por causa de
um machucado na pata. Eu queria tanto ser você no momento em que parei na frente
dele! Então poderia ver sua cauda abanando e seus olhos brilhando ao pular em
teus braços, pois ele sabia que você o encontraria, sabia que você não o
esqueceria. Poderia ver o perdão nos olhos dele por todo sofrimento e dor que
passara na interminável jornada à tua procura. Mas eu não era você. E apesar de
minhas tentativas de convencê-lo a se aproximar, os olhos dele viam um estranho.
Ele não confiava em mim. Ele não se aproximava. Então ele se virou e seguiu seu
caminho, pois tinha certeza de que o caminho o levaria a você. Ele não entendia
porque você não o estava procurando. Ele só sabia que você não estava lá, sabia
que precisa te encontrar e que isso era mais importante do que comida, água ou o
estranho que poderia lhe dar essas coisas. Percebi que seria inútil tentar
persuadi-lo ou segui-lo. Nem o nome dele eu sabia! Fui para casa, enchi um balde
com água, coloquei comida numa vasilha e voltei para o lugar em que o
encontrara. Não havia nem sinal dele, mas deixei a água e a comida debaixo da
árvore onde ele estivera descansando ao abrigo do sol. Veja bem, ele não é um
cão selvagem. Ao domesticá-lo, você tirou dele o instinto de sobrevivência nas
ruas. Ele só sabe que precisa caminhar o dia todo. Ele não sabe que o sol e o
calor podem custar-lhe a vida. Ele só sabe que precisa te encontrar. Aguardei na
esperança de que voltasse a buscar abrigo sob a árvore, na esperança de que a
água e a comida fizessem com que confiasse em mim; assim poderia levá-lo para
casa, cuidar do machucado da sua pata, dar-lhe um canto fresco para se deitar e
ajudá-lo a entender que você não faria mais parte vida dele. Ele não voltou
naquela manhã e a água e a comida permaneceram intocadas. Fiquei preocupada.
Você deve saber que poucas pessoas tentariam ajudar teu cão. Algumas o
enxotariam, outras chamariam a carrocinha que lhe daria o destino que você
talvez achasse que o libertaria de todo o sofrimento pelo qual porventura
estivesse passando. Voltei ao mesmo lugar antes do anoitecer e não o encontrei.
Na manhã seguinte, retornei e vi que a água e a comida continuavam intactas. Ah,
se você estivesse aqui para chamá-lo pelo nome, tua voz lhe é tão familiar!
Comecei a caminhar na direção que ele havia tomado antes, mas sem muita
esperança de encontrá-lo. Ele estava tão desesperado para te encontrar, que
seria capaz de caminhar muitos quilômetros em 24 horas. Horas mais tarde e a uma
boa distância do lugar onde o vira pela primeira vez, finalmente encontrei seu
cão. A sede já não o atormentava, sua fome fora saciada, suas dores haviam
passado, o machucado da pata não o atormentaria mais. Seu cão estava morto.
Livrara-se do sofrimento. Ajoelhei-me ao lado dele e amaldiçoei você por não
estar ali antes para que eu pudesse ter visto brilho naqueles olhos vazios, nem
que só por um instante. Rezei, pedindo que sua jornada o tivesse levado ao lugar
que imagino você esperava que ele encontrasse. Se você soubesse por quanta coisa
ele passou para chegar lá... E sofri, sofri muito, pois sei que se ele acordasse
agora e se eu fosse você, os olhos dele brilhariam ao vê-lo e ele abanaria o
rabo perdoando-o por tê-lo abandonado.

Autoria Desconhecida. Tradução: Silvia D. Schiros

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